Trânsito Responsa foi lançado no Colégio Estadual Miécimo

O projeto “Trânsito Responsável” foi lançado dia 19 de maio no Colégio Estadual Miécimo da Silva, em Campo Grande onde foi realizada uma grande ação de conscientização. Contamos com a presença da Subsecretária de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Delânia Cavalcante, com a Coordenadora de Educação do DETRAN RJ, Janete Bloise, e com um público de 200 jovens que cursam o segundo ano do Ensino Médio. A equipe foi recepcionada com a apresentação de uma música de autoria dos alunos, Rafael e Lucas.


Fazendo uso de recursos multimídia, próprios da atualidade, e jogos interativos, como meio eficazes de comunicação com os jovens, a ação foi realizada em clima de descontração e muita emoção, motivando-os e ensinando a valorização da vida.

Fábio Fernandes e José Walter, vítimas de trânsito, foram homenageados pelo desempenho e grande colaboração com o projeto, e mais uma vez emocionaram a todos com seus depoimentos e lições de superação na vida. Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas Roque Clube e padrinho do projeto, também foi homenageado. À pedido dos alunos, o músico empolgou a todos ao cantar a música “O dia que não terminou,” que retrata o sofrimento das vítimas e familiares envolvidos em acidentes, além de falar sobre a importância da ética no trânsito.


Ao termino da apresentação, a equipe do Detran-RJ percebeu que a mensagem conseguiu atingir a todos os presente, e que a partir da ação realizada, os alunos serão multiplicadores desse conhecimento, cobrando uma mudança de atitude dos pais e colegas. Parabéns alunos e professores do Colégio Estadual Miécimo da Silva.




Instituto Jesus Eucarístico

Hoje, 180 alunos do Ensino Médio do Instituto Jesus Eucarístico tiveram a oportunidade de conhecer o Trânsito Responsa.

Atentos ao vídeo, se emocionaram ao assistir ao clipe "O dia que não terminou", da banda Detonautas Roque Clube.

Durante o quiz, todos tiveram a oportunidade de interagir com a equipe do DETRAN.

Entrevista de Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas



Rebelde com uma causa nobre, o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, colocou-se na linha de frente de uma grande campanha pela vida: a educação no trânsito. Porta-voz do projeto “Trânsito Responsa”, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC) e o Detran-RJ, o artista decidiu emprestar a sua voz e multiplicar a consciência de jovens em todo o país. Inclusive, parece que a aliança com a sociedade tem rendido bons frutos... Como Tico é mesmo avesso a falsos moralismos, o cantor manda a sua letra de uma maneira bastante realista: “Não sou eu quem vai contrariar a TV que promove a venda de álcool em propagandas o dia todo e dizer que não bebam. Eu vou apenas dizer que vocês podem beber à vontade, só não podem é dirigir”. Afinal, ninguém está de fato imune a acidentes de trânsito. A “responsa” aqui é respeitar a vida.
A banda também cedeu ao projeto os direitos de uso do videoclipe da música “O dia que não terminou”, que mostra imagens de acidentes e resgates no trânsito. Confira a íntegra da entrevista.

Conexão Aluno (CA) - Por que emprestar sua voz a causas coletivas? O que o motivou, particularmente, a apoiar o programa de educação no trânsito?
Tico Santa Cruz - Acredito que, como cidadão, todos devemos nos preocupar com o que é de interesse público. Se vivemos em sociedade, e isso quer dizer em parceria, creio que o interesse deve ser de todos no bem-estar da comunidade da qual fazemos parte. Sendo artista, tendo o reconhecimento do público e consciência do meu papel, procuro usar o microfone para propagar minhas ideias e potencializar o que considero importante e comum a outras pessoas.
Apoiar o programa de educação no trânsito é perceber que de fato estamos envolvidos numa situação de desrespeito geral por parte de muitos motoristas e, principalmente, dos mais jovens. A educação no Brasil, que deveria ser um pilar primordial, é sempre deixada em segundo plano e, em se tratando do trânsito, que diariamente mata dezenas de pessoas, é de extrema necessidade que venhamos a intervir com uma mentalidade transformadora. Sendo assim, por compartilhar do desejo de que podemos ajudar a salvar vidas e desenvolver um senso melhor de respeito entre todos é que me aliei ao programa de educação no trânsito.

CA - Qual a sua participação no projeto “Trânsito Responsa”? Em que consiste a iniciativa?
Tico Santa Cruz - Minha participação é gravando spots de TV, rádio e outras mídias. Participar sempre que possível das ações nas ruas, palestras e encontros com os jovens. A ideia é mostrar que não somos imortais como muitos jovens imaginam quando estão com um carro à disposição, álcool e drogas. Sob o meu ponto de vista, o que fazemos individualmente de nossos corpos é problema de cada um, não sou eu quem vai contrariar a TV que promove a venda de álcool em propagandas o dia todo e dizer que não bebam. Eu vou apenas dizer: vocês podem beber à vontade, só não podem é dirigir. E para os que não bebem, mas entram no carro de um amigo ou conhecido pegando uma carona e sabendo que o motorista não está em condições de guiar, e mesmo assim compartilham o veículo, para estes eu digo: vocês estão sendo coniventes. Sendo assim, quero que cada um reflita a respeito de suas responsabilidades com esta questão.

CA - Qual a importância de uma ética no trânsito?
Tico Santa Cruz - A ética é importante em todos os aspectos da vida humana. Para dar uma definição bem simples de um tema tão abrangente definirei ética com um exemplo básico. Basta que o leitor imagine a seguinte situação: o pensamento ético é aquele que se questiona. Se eu fizer algo e todas as pessoas do mundo exatamente no mesmo instante fizerem o mesmo, o que aconteceria? Exemplo: se eu encher a cara de cerveja, ficar bêbado e pegar meu carro e todos os motoristas da minha região fizerem o mesmo ao mesmo tempo o que aconteceria?
CA - Quem pode fazer diferente? Quem são os verdadeiros responsáveis por esta mudança de atitude?
Tico Santa Cruz - Só podemos cobrar mudanças quando praticamos no dia a dia as mudanças que cobramos.
CA - O que há por trás do videoclipe da música “O dia que não terminou”, que mostra imagens de acidentes e resgates no trânsito?
Tico Santa Cruz - Mostra a realidade. É um documentário que fizemos com cenas reais de acidentes provocados por pessoas alcoolizadas e motoristas irresponsáveis. Muitas cenas foram editadas pelo conteúdo de extrema violência. A ideia é atingir os mais jovens, aqueles que ainda estão na fase de aprender a dirigir, e aos motoristas mais experientes mostrar o que de fato ocorre quando desrespeitamos o bom senso e as regras básicas de convivência. Não precisaria de uma lei dizendo às pessoas que não se pode dirigir sob efeito de drogas, isso é evidente.
Acontece que muitos não estão nem aí para suas próprias vidas e menos ainda para a vida alheia e, sendo assim, eventualmente precisam ter uma noção mais viva do que representa assumir certas atitudes. Além disso, o vídeo mostra o excelente trabalho prestado pelas unidades e pelos profissionais de resgate.

CA - O que sonha para o futuro do país?
Tico Santa Cruz - Não adianta apenas sonhar, é preciso colocar em prática. Sonhar fica cômodo: eu sonho, espero que alguém algum dia melhore esse país. Não!!! Sou eu quem vai colocar em prática estes objetivos e fazê-los acontecer. Chega de sonhar, vamos exercer nossos sonhos.

CA - De uma maneira geral, os jovens se enxergam imunes a acidentes de trânsito e, muitas vezes, infringem as leis em busca de uma “libertação”. Que mensagem você deixaria àqueles que se mostram displicentes em relação às questões éticas no trânsito e acabam colocando em risco não só a própria vida, mas também a do outro?
Tico Santa Cruz - Infringir leis em busca de adrenalina é comum ao pensamento jovem, mas é possível atingir este estado de euforia sem precisar colocar a sua vida e a vida dos outros em perigo. Por meio dos esportes, da arte, das conquistas profissionais e afetivas, mas esse blábláblá todo mundo repete e fica sem valor diante das evidências. Quando alguém está disposto a infringir as regras, não há palavras de bom senso que sirvam. Sendo assim, pensem apenas nas pessoas próximas que te amam e como elas se comportarão diante de um transtorno causado por você. Pense nos pais, nos amigos, nas crianças, naqueles que têm algum sentimento positivo por você e se coloque no lugar deles. Imagine estas pessoas sofrendo a dor que tu podes evitar se tiver apenas respeito por todos eles e por si mesmo. Como seria o seu velório?

Agradecimento



Gostaria de agradecer a oportunidade de ter participado hoje do projeto “Trânsito Responsável”, uma experiência muito importante para mim.

Só quem já perdeu um familiar no trânsito, sabe bem como é a importante termos um trânsito seguro, com condutores responsáveis.

Na palestra lembrei-me dos momentos em que eu e o meu tio passamos juntos, de como ele falava e brincava. Não tive a oportunidade de dizê-lo o quanto eu o amava e o admirava.

Em julho, fará um ano do trágico acidente que ele faleceu e a minha família permanece chorando a perda.

Hoje também pude me lembrar do acidente que a minha tia sofreu.

O Detran na minha vida tem sido uma espécie de confronto e um encontro com o meu passado e o presente.

Conforme o tempo vai passando, a saudade aumenta e a gente faz a seguinte pergunta: Poderia ser diferente? E se ele estivesse de capacete?

A vida é cheia de perguntas que eu não posso responder, mas que possamos fazer a diferença no trânsito da nossa cidade, um trânsito exemplar.

Mais uma vez, obrigado Janete, obrigado Marcos !
Eu quero fazer parte sempre de um trânsito responsável !!!

Romildo Alencar

As voltas que a vida dá


                                          Alunos participam do projeto "Trânsito Responsa"




Desde o ano passado, as escolas da rede pública estadual contam com uma disciplina a mais no currículo: educação no trânsito. E não só os alunos, mas também os professores participam das aulas como ouvintes. É que, em setembro de 2009, o Detran-RJ lançou o programa Trânsito na Escola, com o objetivo de promover a conscientização de jovens e formar multiplicadores dos direitos e deveres de pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas.
Em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), três projetos fazem parte dessa iniciativa: o “No Sentido da Inclusão”, direcionado à capacitação de professores da Educação Infantil; o “Viva o Trânsito”, para incentivar normalistas e professores do Ensino Fundamental a repassar, de forma interdisciplinar em sala de aula, conteúdos sobre educação no trânsito; e o “Trânsito Responsa”, criado para alertar alunos do Ensino Médio e calouros universitários sobre a importância de contribuir para um espaço público mais harmônico.

O programa Trânsito na Escola foi lançado de forma experimental no ano passado para testar a receptividade entre os jovens e os professores. Para este ano, a ideia é ampliar os três projetos em larga escala. No “Trânsito Responsa”, foram atendidos dois mil alunos das redes pública e privada na primeira fase. A agenda de 2010 prevê um total de 24 mil alunos. No caso do “Viva o Trânsito”, já participaram 724 escolas, 824 professores e 140 normalistas. Já no projeto “No Sentido da Inclusão”, foram 191 escolas, 240 professores e 195 normalistas. A intenção, na fase atual, é chegar a 3.200 professores e 500 normalistas com ambos os projetos.
“Queremos que o aluno aprenda a viver harmonicamente na sociedade. Só assim alcançaremos o sucesso nas relações individuais. Queremos que eles despertem para a importância do trânsito como ferramenta de socialização”, aposta a coordenadora de Educação do Detran-RJ, Janete Bloise.

Projetos dentro da sala
Toda semana, o “Trânsito Responsa” desenvolve um trabalho com duração de dois ou três dias em uma escola. Agentes do Detran conduzem as ações educativas dentro da sala de aula, com o apoio de vídeos, animações, dramatizações, depoimentos, música e uma dose de gírias para passar o recado de forma clara. Depois, as mensagens de conscientização são postadas no blog www.transitoresponsa.blogspot.com, com a exibição permanente de relatos de vítimas do trânsito. Graças aos comentários postados pelos seguidores, o projeto passou por pequenas adaptações nesta edição.
“A gente está se adequando às sugestões. No próprio vídeo, fizemos algumas mudanças para torná-lo mais dinâmico e diminuir as gírias, como os alunos pediram”, explica Janete.
O blog também ajuda a dimensionar a repercussão do projeto, pois é comum solicitarem o “Trânsito Responsa” em todo o estado. Recentemente, uma aluna escreveu para pedir que fossem ministradas aulas no município de Campos dos Goytacazes. A orientação foi para que ela entrasse em contato com a Seeduc, a fim de formalizar a solicitação.
“Isso mostra o quanto o projeto é bem-vindo e aceito”, comemora Janete, antecipando que quem responder corretamente ao quiz do projeto ganha uma camiseta do Detran.
A agenda do “Trânsito Responsa” já está a pleno vapor desde o início deste mês. Em 19 de maio, acontece o lançamento oficial da programação deste ano, no Colégio Estadual Miécimo da Silva, em Campo Grande. O músico Tico Santa Cruz, da banda Detonautas, e o cadeirante Fábio Fernandes serão homenageados como padrinhos do projeto. Ambos são entusiastas da educação no trânsito e contribuem para o trabalho do Detran-RJ. Fábio costuma ir às escolas com os agentes para contar a sua história pessoal, e Tico reforça a conscientização dos jovens com seu depoimento no vídeo de apresentação. O economista José Walter – que perdeu a noiva em um atropelamento – também estará presente para alertar sobre a imprudência ao volante.
“No mesmo evento, 13 professores que participaram do “Viva o Trânsito” e 22 do “No Sentido da Inclusão” receberão certificados por bom desempenho nos projetos”, acrescenta Janete.
O “Viva o Trânsito” capacita normalistas e professores do Ensino Fundamental para o papel de multiplicadores. Com esse objetivo, cada escola recebe oito kits com três livros, disponibilizados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). A cada mês um tema é trabalhado pelos educadores, como o cinto de segurança, pedestres, bicicletas, direção e uso do celular e cidadania, entre outros assuntos. Os normalistas acompanham o trabalho em um grupo de escolas da rede estadual e repassam ao Detran informações sobre o andamento do programa, por amostragem. As horas dedicadas ao projeto são revertidas em carga de estágio.

Voltado para a capacitação de professores de Educação Infantil, o “No Sentido da Inclusão” teve seu projeto piloto implantado no ano passado, com 1.010 estudantes de uma instituição municipal de Jacarepaguá. Os profissionais capacitados pelo Detran aprendem a desenvolver trabalhos com os alunos, tendo como material de apoio um CD de músicas sobre educação para o trânsito e dois kits com nove placas de material emborrachado. Com a criança sempre na posição de passageira e nunca de condutora, o programa trabalha, a partir de cores e da significação dos símbolos do trânsito, a importância de se construir um bom pedestre, um bom cidadão.

Colégio Qi - Unidade Tijuca


O “Trânsito Responsa” esteve hoje, no Colégio Qi - Unidade Tijuca, atendo a 320 alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio e pré vestibular.






Segundo a Coordenadora Pedagógica, os pais dos alunos elogiaram a iniciativa do Detran em levar a ação ao Colégio. “Precisamos que toda a sociedade se comprometa em fazer a sua parte, só assim conseguiremos eliminar os riscos,” diz Rosalina.



Participaram ,também, os voluntários Fábio Fernandes e José Walter .

Colégio São Vicente de Paulo

O “Trânsito Responsa” esteve presente , no dia 07 de maio, no Colégio São Vicente de Paulo, onde 200 alunos do 3º ano do ensino médio tiveram a oportunidade de debater e tirar suas dúvidas sobre as atitudes necessárias para obtermos um trânsito mais seguro. Segundo a Coordenadora Pedagógica, Srª Liliane de Barros, o colégio já vem desenvolvendo ações educativas a partir da parceria que a instituição firmou com o Detran, no mês de setembro de 2009, quando o projeto foi lançado no colégio.


Parabéns aos alunos e professores pela iniciativa de construir um trânsito mais humano!!


Meu pequeno príncipe


Sempre penso como é difícil falar de um filho. Bem é difícil e fácil ao mesmo tempo, pois falamos de alguém que amamos da maneira mas especial que pode existir... O dia que a humanidade se amar como os pais amam seus filhos o Mundo será perfeito, as dores cessarão.


O meu João Paulo, JP, sempre foi uma pessoa feliz Sua alegria transbordava desde a infância. Nasceu cheio de talentos e sempre me surpreendia com sua criatividade. Eu nunca me preocupei com o seu destino, pois imaginava que Deus tinha reservado um futuro especial para ele, já que era dotado de muito talento para as artes.


Já muito pequeno desenhava muito bem. Aos sete anos montou um carrossel que desenhou no caderno. Aos nove copiou à mão livre um quadro da avó e por aí foi. Fez vários cursos de desenho e na adolescência, quando estava cursando desenho artístico, veio me pedir para fazer um curso de teatro. Na ocasião eu não podia pagar o novo curso. Então, um mês depois, ele voltou dizendo: “Mãe escrevi para o diretor do curso de desenho e mandei alguns desenhos meus. Ganhei uma bolsa integral. Agora você pode pagar o curso de teatro?” E assim foi, este era o jeito dele.


Em novembro de 2006, ele me falou que iria trabalhar em São Paulo, iria para uma emissora de TV. Eu falei para Deus: “Senhor vai levar meu filho para longe de mim? Mas se for para o bem dele que seja”. Naquela ocasião, ele estava trabalhando em uma empresa de designer , da qual participou da montagem e que foi premiada por uma universidade. Além disso, tinha acabado de atuar em uma peça de teatro e estava ensaiando para outra. Ele estava muito feliz, num dos melhores momentos da sua vida. Fazia aulas de canto, de teatro e de dança. Tudo de bom estava acontecendo na sua carreira profissional.


Infelizmente, nesse momento um outro jovem atravessou a sua vida. Na madrugada do feriado de 15 de novembro ele foi atropelado e morto quando voltava para casa.


Foi a dor mais terrível da minha vida.


Domingo passado uma pessoa me perguntou se penso muito nele. Eu respondi: todos os dias. Procuro não pensar em sua morte e sim em sua vida, tão feliz e tão plena de integridade e de amor ao próximo. Ele me deu lições de fraternidade, me surpreendendo e fazendo com que eu percebesse e vencesse minhas limitações e preconceitos. Ele amava pessoas, independente de qualquer coisa.


É duro escrever sobre sua morte, mas é preciso. Comecei o dia abrindo uma página de reflexão, como sempre faço, ao acaso, e li “razão da morte prematura”. Pensei: como assim? Meu Deus não permita que nada aconteça a nenhum de meus filhos. Tenho outros filhos, maravilhosos. No entanto, a pergunta mais inconveniente que sempre escuto é “Ele era filho único?”. Então criei a seguinte resposta: Você tem cinco dedos em cada mão? Gostaria de ficar sem algum? Então transfira este sentimento a um ente querido. As pessoas não entendem. Sempre me lembro da Nair Belo e da lição que ela me deu em relação aos irmãos-órfãos. Faço de tudo para continuar sendo mãe amorosa dos que ficaram, pois eles já perderam o irmão, não merecem ficar sem a mãe. Porém, isso não diminui minha dor. A saudade é o pior tormento.


No final daquele dia todos estavam bem. Mas a alegria durou pouco. No meio da noite o telefone tocou e era do hospital. Quando cheguei lá o João já estava morto. Eu tinha falado com ele por telefone. Ele ia dormir na casa de um amigo, sócio da empresa. Eles se reuniram para falar sobre alguns projetos. Ficaram conversando até tarde, mais ou menos 1h30min da madrugada, então um deles chamou um taxi para ir para casa e ofereceu carona ao meu filho. Ele recusou e resolveu aproveitar para ir para casa a pé, nunca chegou. Na Tijuca, ao atravessar a Av. Heitor Beltrão, ele foi atropelado por um jovem dois anos mais velho que ele, tinha 22 anos. O jovem estava acompanhado da namorada e de uma amiga. Segundo seu depoimento, ele saíra de casa, na Rua Marquês de Valença, e ia levar a namorada em casa no Bairro de Colégio. Resumindo, ele disse não ter visto o João, que tinha 1,78m, num trecho que é bem sinalizado e iluminado. O rapaz se recusou a fazer exame no IML para constatar se havia consumido algum tipo de droga. Sua advogada, segundo testemunho de um policial, bradava ao médico que examinasse o meu filho morto, a ponto do médico perder a paciência dizendo: “Senhora o rapaz está morto, faremos o exame nele depois, o seu cliente é que precisa ser examinado agora”.


Nada disso trará meu filho de volta. Mesmo assim, quero e luto por um trânsito livre de desrespeito e crime. Tudo o que for possível fazer para evitar dor de outras famílias e a interrupção de vidas como as do meu filho quero fazer.


Por isso este meu desabafo, dolorido, inconstante em seu relato, mas extremamente sincero de uma Mãe-Orfã.


Te amo Meu Filho e sempre te amarei.


Estou em luto e luto por um mundo um pouco mais parecido com aquele que você tanto sonhou, pois sei que um mundo perfeito existe em seus bons sentimentos e em seus ideais, meu Pequeno Príncipe (assim os amigos o apelidaram).


Anna Mateus