A luta sem limites pela justiça



Andréa Pino, tinha 33 anos, Arquiteta



Era Desenhista Industrial e Arquiteta quando brutalmente assassinada por um motorista imprudente às 13 horas do dia 23 de março de 2000, quando retornava de um compromisso profissional. Andréa inocentemente esperava o ônibus na calçada da Av. Sernambetiba, na altura da “Praça do O” na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, quando uma caminhonete desgovernada atropelou-a na calçada e seguiu derrubando o que encontrou pela frente. Com quase 15 metros de extensão a marca negra dos pneus na tentativa de frenagem indicavam a causa da tragédia: Excesso de velocidade. Andréa sem qualquer chance de defesa foi jogada a 20 metros de onde estava e faleceu a caminho do Hospital Miguel Couto.



Andrea morreu e com ela, parte de mim também se foi. Eu a conheci em 1992 em uma festa do Banco onde trabalhávamos, e desde então, jamais nos separamos. Andréa era (e ainda é) a mulher dos meus sonhos. Na manhã do seu falecimento, antes de sairmos para nossas atividades conversamos sobre nossa vida em conjunto que mal começara e os planos comuns. Ela não era somente minha mulher. Era companheira, amiga, parceira, cúmplice e a alegria da minha vida. Desde sua morte venho travando uma luta incansável por Justiça. Formado em Economia e trabalhando no mercado financeiro, mudei objetivos e estilo de vida e me matriculei em um curso de direito para tentar atuar no processo, em virtude dos absurdos constatados na instrução criminal.



Minha luta em busca de justiça para o crime que me tirou Andréa começou no DETRAN/RJ. Apresentei provas junto à COMISSÃO CIDADÃ, para que o condutor responsável fosse punido na esfera administrativa. Essa foi a primeira vitória. O motorista do veículo teve a sua habilitação suspensa e após cumprir a pena judicial, terá que submeter a novos exames para voltar a dirigir.



O assassino de Andréa foi condenado em todas as esferas (Criminal, Cível e Administrativa), porém, na esfera criminal a exececução de uma das penas que lhe foi imposta não está sendo cumprida 9PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE, PENA PECUNIÁRIA E PERDA DA CARTEIRA).



É ASSIM QUE NOSSO JUDICIÁRIO QUER FAZER PARTE POR UM TRÂNSITO MAIS HUMANO?

A Sociedade tem que se atentar que a intervenção da Justiça Criminal tem por objetivo prevenir o delito, promover a segregação punitiva do infrator, constituindo a última reação do Estado em face da criminalidade. Por isso, é forçoso reconhecer a importância da aplicação de penas alternativas. QUE SE CUMPRA A LEI.



O não cumprimento das penas impostas, tanto na esfera Judicial como na esfera Administrativa, somente representam uma situação que todos os cidadãos tão fervorosamente contestam e lutam para que se extingua da nossa sociedade: IMPUNIDADE.

Espero que minha perda e minha luta não sejam em vão. Se minha história ajudar a outros que, infelizmente, passem por isso, ou que mesmo, evite novas barbáries, poderei dizer na minha velhice: “ EU FIZ A DIFERENÇA”.
 
José Walter

6 comentários:

  1. José Walter, infelizmente a impunidade é tamanha no nosso Brasil até quando ouviremos histórias como a sua. Parabéns por fazer a diferença, dividindo a sua dor para que outros não passem o mesmo que você passou, que possamos seguir o seu exemplo, fazermos a diferença no trânsito.

    Thalmo

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  2. José Walter, assistindo um depoimento seu percebi tamanha responsabilidade em que temos em relação ao trânsito. Parabéns a você e a equipe do DETRAN por essa iniciativa.

    Kauê Luan

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  3. Até quando outras Andréas precisarão morrer, para que a justiça possa tomar uma postura mais rígida enquanto as leis de trânsito?

    A sociedade precisa cobrar do judiciário uma atitude rígida quanto a impunidade, pois o que presenciamos são jovens infratores pintando e bordando, já que sabem que não irão sofrer.
    Espero que este trabalho possa ajudar a mudar este quadro,uma vez que os índices envolvendo jovens em acidentes são imensos.
    Patricia Alves

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  4. É lamentável saber que o certo virou errado. Indago-me ao imaginar onde afinal deveremos circular, onde é o espaço físico dos automóveis, e de nós, pedestres. Vivemos em uma realidade em que os carros tomam nosso espaço, ficando dificílimo andar nas calçadas. Imagino como deve ter sido difícil conviver com um fato trágico como esse.
    Enche-me de alegria saber da sua vitória e da sua luta em mudar. Certamente, você fez a diferença. Espero que continue sua bandeira e que outras pessoas possam ver em seu exemplo motivação para lutar. Quem sabe mudamos o quadro em que vivemos.
    Parabéns!
    JÔ de Paula

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  5. Agradeço a todso as palavras de carinho e força. Apesar do tempo(10 anos), a dor da perda é irreparável, apenas aprendemos a conviver com ela.

    Minha luta e de meus amigos é evitar que mais famílias passem por essa dor.

    Espero estar ajudando de alguma forma.

    Estarei sempr e a disposição para quaisquer dúvidas.

    Um abraço e novamente obrigado

    Walter

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  6. Caro Walter,

    Tomei conhecimento de sua história através de minha esposa, Eliane.
    Quero te contar também uma história.

    Certo dia, caminhava pela praia um homem, conhecido por sua sabedoria.
    Ele atentou para o fato de que a areia estava coberta com centenas de estrelas do mar que, certamente, ao Sol do meio dia, iriam desidratar e morrer.
    Um menino, com uns 10 anos de vida, andava pela praia a pegar as estrelas e devolvê-las ao Mar.
    Foi quando o sábio, diante de seus anos de vivência, falou ao jovem:
    -Rapaz, quanta perda de tempo. Certamente você não acredita que seu esforço fará a diferença para essas centenas de estrelas do mar. Seria impossível devolvê-las todas ao mar. Por que perde seu tempo?

    Ao que o jovem, apenas uma criança respondeu:

    -Certamente que não faço a diferença para todas as estrelas do mar dessa praia... mas faço toda a diferença do mundo para as poucas que consigo salvar.

    Foi então que o sábio começou a pegar as estrelas do mar pelo caminho, juntou-se ao jovem e começou também a devolvê-las ao mar.

    Amigo, você faz sim toda a diferença. Uma pena que a maioria das pessoas só decidam fazer a diferença com o aprendizado através da dor. Mas que a sua dor sirva como mola motriz para que esses que, graças a Deus não viveram experiência tão dolorosa, possam se fiar em seu exemplo e também tornarem-se agentes da mudança!
    Força, coragem, sabedoria... tudo isso não lhe faltam.
    Continue sempre trabalhando em prol de nossa juventude e contando com os que respeitam sua luta, como eu aprendo agora a respeitar.

    Conte conosco no que precisar.
    Forte abraço,

    Fabiano Jacob
    Coordenador da Comissão de Defesa do meio Ambiente da ALERJ

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