Entrevista de Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas



Rebelde com uma causa nobre, o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, colocou-se na linha de frente de uma grande campanha pela vida: a educação no trânsito. Porta-voz do projeto “Trânsito Responsa”, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC) e o Detran-RJ, o artista decidiu emprestar a sua voz e multiplicar a consciência de jovens em todo o país. Inclusive, parece que a aliança com a sociedade tem rendido bons frutos... Como Tico é mesmo avesso a falsos moralismos, o cantor manda a sua letra de uma maneira bastante realista: “Não sou eu quem vai contrariar a TV que promove a venda de álcool em propagandas o dia todo e dizer que não bebam. Eu vou apenas dizer que vocês podem beber à vontade, só não podem é dirigir”. Afinal, ninguém está de fato imune a acidentes de trânsito. A “responsa” aqui é respeitar a vida.
A banda também cedeu ao projeto os direitos de uso do videoclipe da música “O dia que não terminou”, que mostra imagens de acidentes e resgates no trânsito. Confira a íntegra da entrevista.

Conexão Aluno (CA) - Por que emprestar sua voz a causas coletivas? O que o motivou, particularmente, a apoiar o programa de educação no trânsito?
Tico Santa Cruz - Acredito que, como cidadão, todos devemos nos preocupar com o que é de interesse público. Se vivemos em sociedade, e isso quer dizer em parceria, creio que o interesse deve ser de todos no bem-estar da comunidade da qual fazemos parte. Sendo artista, tendo o reconhecimento do público e consciência do meu papel, procuro usar o microfone para propagar minhas ideias e potencializar o que considero importante e comum a outras pessoas.
Apoiar o programa de educação no trânsito é perceber que de fato estamos envolvidos numa situação de desrespeito geral por parte de muitos motoristas e, principalmente, dos mais jovens. A educação no Brasil, que deveria ser um pilar primordial, é sempre deixada em segundo plano e, em se tratando do trânsito, que diariamente mata dezenas de pessoas, é de extrema necessidade que venhamos a intervir com uma mentalidade transformadora. Sendo assim, por compartilhar do desejo de que podemos ajudar a salvar vidas e desenvolver um senso melhor de respeito entre todos é que me aliei ao programa de educação no trânsito.

CA - Qual a sua participação no projeto “Trânsito Responsa”? Em que consiste a iniciativa?
Tico Santa Cruz - Minha participação é gravando spots de TV, rádio e outras mídias. Participar sempre que possível das ações nas ruas, palestras e encontros com os jovens. A ideia é mostrar que não somos imortais como muitos jovens imaginam quando estão com um carro à disposição, álcool e drogas. Sob o meu ponto de vista, o que fazemos individualmente de nossos corpos é problema de cada um, não sou eu quem vai contrariar a TV que promove a venda de álcool em propagandas o dia todo e dizer que não bebam. Eu vou apenas dizer: vocês podem beber à vontade, só não podem é dirigir. E para os que não bebem, mas entram no carro de um amigo ou conhecido pegando uma carona e sabendo que o motorista não está em condições de guiar, e mesmo assim compartilham o veículo, para estes eu digo: vocês estão sendo coniventes. Sendo assim, quero que cada um reflita a respeito de suas responsabilidades com esta questão.

CA - Qual a importância de uma ética no trânsito?
Tico Santa Cruz - A ética é importante em todos os aspectos da vida humana. Para dar uma definição bem simples de um tema tão abrangente definirei ética com um exemplo básico. Basta que o leitor imagine a seguinte situação: o pensamento ético é aquele que se questiona. Se eu fizer algo e todas as pessoas do mundo exatamente no mesmo instante fizerem o mesmo, o que aconteceria? Exemplo: se eu encher a cara de cerveja, ficar bêbado e pegar meu carro e todos os motoristas da minha região fizerem o mesmo ao mesmo tempo o que aconteceria?
CA - Quem pode fazer diferente? Quem são os verdadeiros responsáveis por esta mudança de atitude?
Tico Santa Cruz - Só podemos cobrar mudanças quando praticamos no dia a dia as mudanças que cobramos.
CA - O que há por trás do videoclipe da música “O dia que não terminou”, que mostra imagens de acidentes e resgates no trânsito?
Tico Santa Cruz - Mostra a realidade. É um documentário que fizemos com cenas reais de acidentes provocados por pessoas alcoolizadas e motoristas irresponsáveis. Muitas cenas foram editadas pelo conteúdo de extrema violência. A ideia é atingir os mais jovens, aqueles que ainda estão na fase de aprender a dirigir, e aos motoristas mais experientes mostrar o que de fato ocorre quando desrespeitamos o bom senso e as regras básicas de convivência. Não precisaria de uma lei dizendo às pessoas que não se pode dirigir sob efeito de drogas, isso é evidente.
Acontece que muitos não estão nem aí para suas próprias vidas e menos ainda para a vida alheia e, sendo assim, eventualmente precisam ter uma noção mais viva do que representa assumir certas atitudes. Além disso, o vídeo mostra o excelente trabalho prestado pelas unidades e pelos profissionais de resgate.

CA - O que sonha para o futuro do país?
Tico Santa Cruz - Não adianta apenas sonhar, é preciso colocar em prática. Sonhar fica cômodo: eu sonho, espero que alguém algum dia melhore esse país. Não!!! Sou eu quem vai colocar em prática estes objetivos e fazê-los acontecer. Chega de sonhar, vamos exercer nossos sonhos.

CA - De uma maneira geral, os jovens se enxergam imunes a acidentes de trânsito e, muitas vezes, infringem as leis em busca de uma “libertação”. Que mensagem você deixaria àqueles que se mostram displicentes em relação às questões éticas no trânsito e acabam colocando em risco não só a própria vida, mas também a do outro?
Tico Santa Cruz - Infringir leis em busca de adrenalina é comum ao pensamento jovem, mas é possível atingir este estado de euforia sem precisar colocar a sua vida e a vida dos outros em perigo. Por meio dos esportes, da arte, das conquistas profissionais e afetivas, mas esse blábláblá todo mundo repete e fica sem valor diante das evidências. Quando alguém está disposto a infringir as regras, não há palavras de bom senso que sirvam. Sendo assim, pensem apenas nas pessoas próximas que te amam e como elas se comportarão diante de um transtorno causado por você. Pense nos pais, nos amigos, nas crianças, naqueles que têm algum sentimento positivo por você e se coloque no lugar deles. Imagine estas pessoas sofrendo a dor que tu podes evitar se tiver apenas respeito por todos eles e por si mesmo. Como seria o seu velório?

5 comentários:

  1. Tico Santa cruz , parabéns pelo trabalho marcos vnicios

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  2. A banda Detonautas é um exemplo do uso da imagem pública, do carisma e do sucesso em prol da busca dda cidadadnia e Justiça.

    Conheci o vocalista do grupo, Tico Santa Cruz e seus integrantes quando da gravação do vídeo da música "O DIA QUE NÃO TERMINOU", na qual Andréa Pino, minha mulher, atropelada e morta em 23 de março de 2000, temsua foto postada na parte final do clip.

    Eu e Dona Maria(mãe de Andréa) ficamos agradecidsos e hoonrados com essa homenagem às vítimas de trânsito.

    Como sempre falo:

    "NOSSOS ATOS NOS DEFINE!"

    Parabéns à equipe TRANSITO RESPONSÁVEL e ao grupo DETONAUTAS.

    José Walter

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  3. Tico,

    Parabéns pela iniciativa em ajudar a todos os jovens a contruir um trânsito seguro.

    Thalmo

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  4. Tico,
    Parabéns pela iniciativa em participar de um projeto que visa a conscientizar os jovens da impotância em eliminiar os riscos sobre o trãnsito.
    Que bom seria se todos os artistas formadores de opinião tivessem a mesma iniciativa.
    Parabéns ao Detran pelo esteitamento de laços com a classe artística. Se cada um fizer a sua parte, governo e sociedade, construiremos um trânsito mais justo.
    Jocely de Paula

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  5. Muito bom esse trabalho, em particular o trabalho do Tico, acho super importante, por sinal já presenciei outra participação dele em uma escola que trabalhei em Saquarema, Ciep Brizolão 258 Astrogildo Pereira, foi tudo muito bom, fico feliz em saber que ele continua sua luta incansável usando sua imagem, seu nome, enfim, parabéns, o Brasil precisa de pessoas que mostram a cara, que participam de causas nobres.

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